sexta-feira, 5 de junho de 2009

Cinco minutos e três dias.

Dois segundos nos distanciam, dois dias e eu saberia, como não soube? Como pude não ver, não perceber que era o último? Último o que? Último tudo. 
Houve o primeiro, e quase ao certo um ano depois houve o último, que não sabia sê-lo. Não soube fazê-lo último e não o tornou na despedida, não a trouxe. Se o último soubesse sê-lo teria ele sido diferente? Queria que não, mas sei que sim, como não saberia? Poucos minutos que aparentemente bastariam. Não foram completos até hoje, os quero. Quero tocá-los, sentí-los escapar através de meus dedos. Sentí-los como quem sente a lágrima do amor. Sinto-os tão longe, sinto-te tão longe. 
Poucos dias completou-se um ano, um ano de ausência. Como poderia não saber? Não ousaria. Um destino esquecido trouxe a lembrança, essa trouxe consigo a dor, esqueceu-se de partir. 
Ficou comigo a lembrança e a dor, o destino à ti entrego, não o perca. Não me perca. 
Vejo-me hoje através dos olhos de quem me amou, como não veria? Esboça-se um sorriso, bate e volta, não o vejo com clareza. Esboça-se um abraço, um suspiro e um sussurro. Não os sinto com tamanha intensidade a qual estes merecem, mereceriam. Parecem-me tão distantes. Quero-os comigo, contigo. Quero-os novamente, sentí-los. Saber que são reais, mas não o sei. Não afirmo. Como lembraria do inesquecível? E como sentiria o intocado? Não o sinto, o desenho. Desenho-o nas nuvens, não consigo vê-los no papel e no escrito. Não consigo traduzí-los, ninguém entenderá. Nós entenderemos. Assim espero. O espero.
O curto tempo, a matemática que se resultou em mim. Não a decifre, não nos decifre. Deixo o quieto inquieto. Suportei a dor de esperar, e ainda o faço, faço-o a cada noite mal dormida e dia inacabado. Faço-te constante. 
Fora um personagem que tornara-se real, duraste tão pouco, por que sequer exististe? Não o possuo. Fora fruto de mim e perdera-se à outros, como o deixei escapar? Como não vi? Não previ? Sabia, sim. Ah, como sabia. Gostaria de não sabê-lo. Tentei acreditar não tê-lo e assim saber que não o sabia. Mas o soube. Eu soube. E de imediato refiz-me. Como não o faria? Partiste. Fora-se a angustia de tê-lo. De saber que este precedia algo. E que o algo não necessariamente agradável seria. Não o foi e não o será. Procedeu-se como o inestimável. 
Foi-se e nós o perdemos. O perdi. Tenho-o numa caixa, tranquei-a para não mais abrir. Adeus lembrança.

Um comentário:

  1. Talvez as pessoas que lerem esse textos podem interpreta-los de maneiras diferentes. Eu, na minha interpretacao achei ele muito bom. E quero dizer tambem, que se foi vc, o que imagino que tenha sido, que fez, vc escreve muito bem. Acho que me encaixo um pouco nesse texto! parabens! ^^

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