sexta-feira, 19 de junho de 2009
Um pouco de amor.
Protagonista de história nenhuma.
Criei-te, iludi-me com meu subconsciente, inventei-te e sobre ti fiz uma história, ousaria dizer que esta és nossa. Não amei-te, como poderia? Como amaria sem sequer conhecê-lo? És fruto de minha imaginação, não existes. Existes. Existes mais ou menos. Não ages como deveria, como ages quando estamos a sós. A sós. Eu e meu sonho. Uma folha de papel. És protagonista de certa parte de minha história. Vivo o meu agora, quanto à você vives em mim. Vives para mim. Fazes o que necessita, precipitaste.
Sonhei-te. Apaguei as luzes, deitei a cabeça e veio-me você, como o faz? És como o vento, entra sem qualquer barulho, ficas quieto e recosta-se, apóia-me. Vejo-te ao meu lado à cada manhã, vejo-te diferente, sabes que meus olhos percebem-te enquanto dormes. Deixaria-te dormindo a eternidade se sua voz não tanto me agradasse. Perfuras meu ouvido, penetra-a como quem nada quer. Alguns ruídos e em mim está instalada, não a perderá. Não me perderá.
Pouco antes foras fruto de minha imaginação. Conheci-te. Ainda o és, apenas possui estado sólido e torna-se real. Não ages como agia. Que aconteceste?
Cheguei a ponto de quase amá-lo, porém não o conheço. Não conheço sua essência, apenas sua forma física. Deixe-me entendê-lo, por que és tão misterioso? Deixa-me curiosa à cada instante. Atitudes bizarras, outras entretanto surpreendentes. És diferente quando estás só.
Conheço-te cada detalhe. Sei seus costumes e manias, como não saberia, exibe-os. Exibe-os em silêncio.
Escuto-te cantando a mais bela das canções enquanto dormes. Escuto seus pensamentos e sinto certa sintonia, quase completas-me. Serias uma perfeita metade minha, não fosse o fato de não possuir-te. Sua imperfeição é tão perfeita.
Tomo cuidado, não quero que saibas, saiba apenas que não amo-te. Cuido-te e alimento-te. És tão meu quanto sou sua, entreguei-me à certo tempo. Vejo-te a meu lado, e quando mais preciso-te estás longe. Procuro-te mas nada lhe falo. Agrada-me nosso silêncio.
Poderia niná-lo até cantar-me durante o sono. Poderia acariciá-lo. Beijar-lhe o rosto e por dois segundos esquecer o que significa-me. Abraçaria-lhe se o pudesse, mas és apenas fruto de minha imaginação. Não o é, apenas em partes. Como o diria? És alguém, vejo-te e poderia dizer que conheço-te, não sei ao certo, não és como imagino-o sei disso, mas desejo-o com tamanha ferocidade. Adoro-te em silêncio. Sei que me sabes. Sei que nos sabe. Descubramo-nos.